O tempo passa rápido demais e após ver meu filhote completar 12 anos de idade em maio de 2024, pude amadurecer e aprender muito:
A vida é guerra! Essa máxima pode até parecer fúnebre, mas se você pensar bem, tenho razão. Todos têm suas batalhas internas ou externas. Os médicos lutam contra doenças. Os advogados lutam contra injustiças. Os professores, contra ignorância. Os jornalistas, assim como eu, lutam contra a desinformação, já os militares lutam para assegurar a Defesa da Pátria.
Até a bíblia reforça o que estou dizendo, basta ler o Salmo – Oração de Guerra e eu refleti sobre isso, após oito anos de Serviços Prestados ao Exército Brasileiro. Quem me conhece, sabe como sofri para estar aqui, foi uma mudança brusca na minha rotina, e um ambiente muito austero, para quem sempre buscou passar alegria aos demais. Pode até parecer piegas, mas é com convicção que digo que pensei não ser capaz de aguentar um mês, chorava praticamente todo dia, portanto, hoje me sinto vitoriosa. E sei que sou capaz de qualquer coisa.
É óbvio que não tenho o famoso perfil militar, muito menos conhecia essa carreira, fiquei sabendo da possibilidade pelo Echeverria, meu atual marido, que atuou como Sargento Temporário...Ah, aproveitando o ensejo, ele tem Oficina Mecânica lá na Júlio de Castilho, a Léo Auto Mec e eu sou Comunicóloga, Assessoria, Mentora, para quem precisar dos meus nobres serviços a partir de agora. Propagandas a parte, o fato é que resolvi arriscar e só Deus sabe dos desígnios das nossas vidas. Tanto é, que ninguém acreditou, quando eu passei no Estágio e resolvi servir.
Geralmente, todos me julgam, como meiga e delicada, apesar de ser destrambelhada, de vez em quando. Inclusive, até minha aparência, o tom de voz e o meu jeito de sorrir faz com que muitas pessoas me rotulem mas, ao longo da vida, vou mostrando realmente quem sou e tive que quebrar muitos tabus...
Alguns, que não conviveram de perto comigo, podem até pensar que passei esses anos sendo a famosa “alterada”, mas muito pelo contrário, fui exemplar, elogiada inúmeras vezes, muitos acharam que eu era até militar de carreira, por ser padrão, e pude perceber, algumas vezes, a cara de espanto dos alguns Superiores Hierárquicos, ao me parabenizarem.
Como é de praxe, não poderia fazer uso da palavra sem agradecer, primeiramente a Deus, agradeço a oportunidade de ter ingressado às Forças Armadas e desbravar este ambiente que sempre foi masculino, servindo de orgulho ao meu filho, Mateus Antonio. Jamais esquecerei quando ele era pequeno e disse a uma amiguinha “Minha mãe é jornalista de guerra!”. Isso aí filho, que esta lição fique, na vida teremos batalhas e obstáculos, mas se nos esforçarmos e não desistirmos, alcançaremos muitas vitórias.
Léo, jamais conseguiria ser padrão sem você, foi quem me ensinou a voz de comando, quando eu estava desistindo e tinha medo de virar chacota. Sabem como? Eu estava corrigindo o nosso filho. “Viu? Você tem voz de comando sim, é só empostar a voz, é como você acabou de falar com o Mateus!”. Tudo bem, que esperava mais apoio, queria que me mimasse e facilitasse minha vida, como muitos maridos das minhas amigas fizeram, mas sei que foi pro meu bem, para amadurecer e aprender sozinha. Também agradeço. Te Amo!
Mateus Antonio você é minha razão de viver e espero que saiba que tudo o que faço é para o teu bem e para sua felicidade. A mamãe te ama demais! Mãe, você é minha cúmplice, melhor amiga, meu alicerce, Norman, obrigada por cuidar dela e fazer parte da nossa família e a minha irmã, Jú é a minha inspiração, muita vezes quis ser como ela, ter sua força e inteligência. Amo vocês! A tia Mirtes, minha madrinha amada e a tia Nice são minhas mãezonas e vibravam comigo aqui.
A todos os meus familiares, tio Pedro, Val...amigos e convidados, gratidão de todo o meu coração.
Confesso que vou sentir muitas saudades de todos, iniciando com alguns Comandantes da 9ª RM, o General Luciano quando, bizonhei como Aspirante: eu e as estagiárias postamos fotos no grupo errado e ele teve a gentileza de concordar que eu parecia com a atriz Mariana Ximenes, quem dera. O General Teche que me apelidou de menina sorriso...o Cel Carlos que me deu bons conselhos, apesar de gostar mais do amigo Echeverria, o Cel Domingues que me ensinou a ver além da casca.
Não podia deixar de recordar os meus superiores imediatos, primeiramente, Coronel Pacheco, que queria mudar meu nome de guerra porque dizia que Anunciação era o nome de um amigo Negão, que ele teve. O Cel Rafael, Cel Craif, com quem compartilhei a Chefia da Assessoria de Gestão e por fim o Cel Heber, que em pouco tempo conquistou meu carinho e obrigada pela referência elogiosa. Também não vou me esquecer do café da Dona Iranil, do apoio do Sargento Silvio, da parceria das meninas da Com Soc do CMO e da meninas daqui, que escalei eternamente como Com Soc, desde a Joana, Sandim, Alline, Gomes, Miriam, Fernanda, Renata, Lyvia, a Serrano representando minhas companheiras de turma......Nem os meninos escaparam, né Juliano Mateus e Lopes?
Tanto é que, ao invés de me consolarem porque tenho que partir da Família Mello e Cáceres, muitos dizem que vou sofrer ao dar baixa, porque incorporei o espírito militar. Mas pensem, eu, literalmente, dei meu próprio sangue pelo Exército e cumpri à risca a Oração do Pantanal:
POIS AQUI, SENHOR
DA MISTURA DE LAMA E SANGUE..
DO PASSADO, EMPUNHANDO O AÇO, DE DIVINA TÊMPERA
CRIASTE O GUERREIRO DO PANTANAL.
A SUBJUGAR O INVASOR E O ADVERSO. PANTANAL!
No caso, a guerreira, aqui, tá com o dedo ‘podre’ pra sempre, mas não são apenas cicatrizes físicas e dores que ficam, como falam, a farda reveste a alma e, podem ter certeza, que estou grata por tudo e levo o melhor do Exército Brasileiro comigo.
E para quem reclama, que oito anos é pouco, não sabe da representatividade deste número. Oito segundos é o tempo ideal para uma montaria, sendo um período que exige concentração, resistência física e técnica por parte do peão. Em muitas culturas, 8 representa o número da sorte, equilíbrio, plenitude, renovação e prosperidade. Mas, para mim, oito simboliza tudo isso e o infinito, é o conceito que estes oito anos terão em meu coração, Gratidão Eterna.
Com a permissão de quebrar o protocolo, novamente, Comandante, gostaria de dizer que sonhei com a data de hoje entregando a espada para o Vô Tonho, que era Sargento e vibrava com o fato de eu ser Oficial. Mas, infelizmente, eles já partiram e como o Vô Tonho não está presente fisicamente, faço questão de entregar minha espada ao meu marido e, principalmente, filho, Mateus Antonio, que aliás, leva o nome vô em homenagem, para que ele jamais se esqueça dos valores e princípios que aprendi aqui no Exército Brasileiro. Minha última continência!